Bem-Vindo à Golden Shower

Gatos tocando teclado, bebês-panda espirrando, garotos lesados saindo do dentista são as musas inspiradoras da Modernidade. No passado os artistas admiravam o pôr-do-sol, o vai-vem do mar, o corpo da pessoa amada, almejando encontrar a centelha que move a pena; ao passo que hoje já aprendemos que nada atiça mais a criatividade que a mistura exata de (i) uma conta de banda larga, (ii) problemas sexuais e (iii) falta de outra coisa melhor pra fazer.

Sem estes três elementos, nós nunca teríamos sido presenteados com uma estória tão extraordinária quanto a de Bernd Brandes, um simpático cidadão germânico que voluntariou-se para compartilhar seu próprio pênis em uma refeição com um desconhecido, e para ser em seguida esquartejado e jantado por seu mais novo – e último – amiguinho.

Como esses dois bastiões humanos de normalidade poderiam se encontrar, caso não houvesse a internet? Como as sua insanas taras teriam nascido e se desenvolvido, como teriam percebido não estarem sozinhos no mundo, cada um em seu canto imerso em sua aparentemente exclusiva bizarrice?

É justamente para isto que este fanzine serve. Não para que você resolva se voluntariar para ser a contraparte passiva do Canibalismo, que fique claro (advogados, por favor prestem bastante atenção neste trecho caso o pior venha acontecer). Mas sim para que você perceba que, assim como Bernd Brandes, você não está sozinho neste mundo.

Assim como você, existe uma horda de desocupados que também se maravilha com o manancial criativo-bizarro inesgotável que a internet nos proporciona, com todas as taras levadas ao extremo pela maravilha da anonimidade. A sua sorte é que um talentoso subgrupo desta horda resolveu bolar séries de estórias que se inspiram exatamente este mundo inteiramente novo trazido pela internet, um mundo em que nenhuma tara é bizarra o suficiente, nenhum relato é singular o bastante.

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